Após saber de denúncias de assédio no meio artístico,
Claudia Alencar diz não se surpreender
Foto: Divulgação
![]() |
Cláudia Alencar |
Ainda
pequena, ela apanhava do pai, em seguida, quando ainda era estudante na Escola
de Comunicação e Artes da USP e integrante da Aliança Libertadora Nacional, a
jovem aspirante a atriz sofreu o que considera um dos piores pesadelos para uma
mulher: o estupro.
“Eu
fazia teatro de protesto na rua, nas universidades e alguns espaços públicos
(...) Fui muito violentada nos Anos de Chumbo, na Ditadura Militar. Depois
disso, achava que nenhum assédio poderia mais me abalar, poderia me derrubar.
Me enganei. Foram dez anos dizendo 'não' a diretores e produtores porque eu
queria um papel bom sem barganhar uma noite de sexo”, conta a atriz.
Pouco
depois, Claudia conseguiu um papel em 'Roda de Fogo', apoiada pelo seu
professor universitário, autor da trama, Lauro César Muniz, a quem é grata.
"Fui
chamada várias vezes para fazer testes e eles até começavam mesmo com as
leituras de texto, mas terminavam com uma proposta de um jantar ou de um
encontro em um lugar mais reservado. Cada vez que isso acontecia, eu saia arrasada,
frustrada e me sentindo violentada porque eu tinha certeza que era boa atriz
com condições para entrar e ficar entre as estrelas da casa", desabafou.
Interpretando
papeis sensuais, Claudia conta que o assédio aumentou. "Era diretor, ator,
produtor, apresentador e empresário que vinham com aquele joguinho de sedução.
Tive um colega de cena que me perturbou meses e, quando um dia eu cansei do
cerco e dei um fora definitivo, ele passou a me perseguir, me humilhar na
frente dos outros colegas. Ninguém me defendeu. Daí eu percebi que se eu
quisesse continuar trabalhando, teria que fingir que nada acontecia e foi o que
eu fiz durante uns 25 anos.”, declarou a atriz.
Após
saber de denúncias de assédio no meio artístico, ela diz não se surpreender.
"Sei de muitas profissionais que passaram o pão que o diabo amassou. Acho
corajoso essas meninas falarem, darem os nomes, apontarem os dedos. É heroico,
é encorajador e um alerta também para os homens: atitudes machistas estão com
os dias contados. Não fiz lá atrás por medo, mas apoio incondicionalmente quem
faz isso agora", finalizou Claudia.
Notícias
ao Minuto
Para postar um comentário:
“É livre a manifestação de opiniões, sendo vedado o anonimato”
“É livre a manifestação de opiniões, sendo vedado o anonimato”
Nenhum comentário:
Postar um comentário